O aniversário de um ano da morte de minha mãe, coincidiu com a descoberta sobre a fraude do Cão sem Dono. Então, resolvi escrever um pouco sobre ela. Para que não caia no esquecimento, esta figura marcante que foi minha mãe.
Me vejo forçada a resumir
a vida de uma pessoa brilhante, que merecia e terá, uma biografia
publicada. Porém, a necessidade de algumas explicações, me obriga
a tentar ao menos, escrever em duas páginas no máximo, o que foi a
vida de minha mãe.
Jane Hegenberg nasceu
Eugenia Schaffman em 1929. Filha de Alexandre Schaffman maestro,
professor e violinista do Quarteto de Cordas do Teatro Municial de
São Paulo e de Rosa Schaffman, uma dona de casa, se casou aos 19
anos, com Leonidas Hegenberg professor do ITA e foi morar em São
José dos Campos. Se separou em meados dos anos 50, numa época em
que isso era quase um crime. Foi morar numa pensão com os dois
filhos pequenos, trabalhar durante o dia e estudar teatro à noite.
Se formou na primeira turma da EAD, sob o comando do Professor
Alfredo Mesquita. Adotou o nome artístico de Jane Hegenberg, como
depois ficou conhecida para o resto da vida. Fez sucesso como atriz,
era linda e talentosa. Em 1962 conheceu um jovem 9 anos mais novo que
ela. Abandonou o teatro e se casou com ele. Este homem era Sergio
Pentiocinas, a pior escolha da sua vida. Com ele, em 1968 teve uma
filha, eu.
Neta de músico erudito e
sobrinha da secretária do adido consular dos EUA, desde bem pequena
eu era levada para assistir espetáculos de ballet e concertos de
música clássica. Em 1976, encantada com tudo aquilo, comecei uma
campanha para estudar ballet. A escola de ballet do Teatro Municipal
de São Paulo, era um reduto de jovens talentos e eu, sem talento
algum, consegui uma vaga para lá estudar, por conta da amizade de
minha tia com Sábato Magaldi.
As aulas eram dadas na
Praça Ramos de Azevedo, em um centro de São Paulo bem mais
tranquilo do que o atual. Minha mãe me levava de carro, e ficava
esperando a aula acabar. Neste meio tempo, pôde perceber que dezenas
de gatos habitavam aquela praça. Mamães gatas com crias, gatos
doentes, todos famintos. Morreu de pena e começou a levar comida
para eles. Quero lembrá-los que o ano era o de 1977 e não havia
ração de gatos para comprar no supermercado.
Então a Dona Jane começou
a comprar sardinha na feira, cozinhar arroz e levar para distribuir
aos gatos enquanto eu tinha aulas de ballet. No primeiro ano, as
aulas eram às terças e quintas. No segundo, às segundas, quartas e
sextas. Mas desde então, como animais se alimentam todos os dias, lá
ia minha mãe para o centro, no seu chevette laranja, levar comida
aos gatinhos.
Eu não tinha talento
algum para o ballet, mas fui forçada a ter aulas até 1983, ano em
que desenvolvi uma artirte, provavelmente para fugir daquela tortura
que eram as aulas de ballet pra mim. Nessa época, embaixo de chuva,
frio e tempestades, minha mãe estava lá, na praça alimentando
centenas de gatos que a aguardavam ansiosamente.
Ficou conhecida na região
e enfrentou todo o tipo de preconceitos. É a primeira “protetora
de animais” de que se tem notícias. Tenho tantas testemunhas desta
história. Para isso, o facebook é um grande conforto, posso
encontrar meus amigos de infância que cresceram achando graça
daquela casa na Vila Mariana de onde saíam gatos por todos os lados.
Me sinto muito à vontade
em convocar minhas testemunhas para todas as fases da minha vida.
Tenho a Andréa Helena Mannis Gabriel e a Ana Paula Cobucci Cirino, que
certamente lembram da “louca” da Dona Jane, levando comida para
os gatos. Recentemente, após 30 anos de separação, encontrei Ana
Paula, que me lembrou que por mais de uma vez, foi levada pela minha
mãe de carro, até o centro, para alimentar a gataiada. Mais tarde
tenho a Simone Furtado, amiga que mora nos EUA há tantos anos e nem
por isso menos querida, que conviveu comigo quando eu morava na mesma
casa, já nos anos 80. Bom, aí temos o Antonio Matias, o Luciano
Monteiro, o Olavo Aguiar, o Paulo Pacífico, o Milton Soldá, meu
primeiro namorado, que acompanhou um cavalo apreendido pela minha mãe
em 1983. Sem lei, sem polícia, sem Ong, sem Vereador, sem ajuda
financeira, sem facebook, só ela, no meio da Rua dos Otonnis, em
frente ao Clube Adamus, enfrentando o carroceiro que maltratava a
égua Margarida.
Após a “apreensão”,
Margarida foi “estacionada” na garagem de casa e lá passou
semanas, escondida do “bicho-papão” que era meu pai, um ser que
manda cortar a árvore de frente da casa dele porque os cachorros
param nela para fazer xixi.
Sim, sou filha do bem e do
mal. Uma mistura marcante que me transformou num ser antagônico, que
defende animais, porém sem nenhuma compostura.
Mas voltando ao que
interessa, Dona Jane foi convocada em 1983, pelo então Prefeito
Mario Covas, a dirigir um terreno de 10 000 metros quadrados cedi do
pela Prefeitura para abrigar gatos abandonados. Rapidamente o local
se tornou abrigo para cães também. Engraçado lembrar disso, pois
foi a maior conquista do “Movimento de Proteção Animal” até
hoje e foram os próprios “protetores” que já naquela época,
enebriados e engulidos por seus próprios egos, que perderam aquele
espaço.
O local se chamava Praça
dos Gatos e ficava às margens do Rio Tietê. Atualmente se chama
“favela do gato”, vcs já sabem agora o porquê do nome.
A Praça dos Gatos chegou
a brigar cerca de 1 000 gatos e 500 cachorros. Era um lugar lindo, a
Prefeitura construía os canis e gatis e minha mãe bancava a
alimentação. Nunca se arrecadou fundos para isso. Minha mãe
bancava tudo. De vez em quando alguém deixava por lá algum
animalzinho e uma contribuição, o equivalente hoje a R$ 10,00, algo
assim.
Neste período que durou
10 anos, minha mãe conheceu Leda Guimarães, harpista
talentosíssima, que chegou a fazer concertos em minha casa em prol
dos animais abandonados. Leda tinha um terreno em Parelheiros, que
chamou de Quintal de São Francisco. Sempre doente, Leda morreu
prematuramente, deixando a administração de seu abrigo com Angela
Caruso.
Conheceu também Cezira
Rodrigues, uma senhora que na época tinha 200 cães e havia sido
despejada, sei eu lá de onde. Generosa, Dona Jane deu abrigo aos
cães da Cezira, tendo sido este o primeiro de seus muitos erros.
Dividindo a direção do
local com minha mãe, uma advogada corrupta, esposa de um Juiz, a
Dra. Neusa Rangel do Nascimento, que autenticava documentos falsos e
fazia piada disso dizendo que autenticava até a pata de um gato.
Tenho até hoje documentos que provam isso... sabe-se lá se terei
que usá-los ou não...
A Praça dos gatos seguia
um lugar lindo, de causar inveja a qualquer abrigo até hoje. Tenho
poucas fotos do local, mas meu amigo Eli Kahana, de Haifa, Israel,
fotografou muito aquele local, espantado durante sua volta ao mundo,
sempre insistindo que não havia visto nada parecido com aquilo em
suas andanças pós-serviço militar. Sabe como são os judeus,
guerreiros por natureza.
O fato é que em 1992, já
na administração da Luiza Erundina, na Câmara dos Vereadores,
abrigo de bandidos engravatados (ok, é até hoje, sei disso...), os
olhos no terreno em frente ao Clube Regatas Tietê começaram a
crescer, e o então vereador Hanna Garib e mais alguns outros,
difícil lembrar os nomes de tantos criminosos, iniciaram um
movimento para retirar aqueles animais de lá.
Nesta época, o CCZ
sacrificava os animais em uma câmara de descompressão, eram jogados
lá dentro e a descompressão estourava seus pulmões. Esta prática
perdurou até 2001, quando a Dra. Viviane Benini conseguiu, através
de uma Ação civil Pública, impedir que continuasse.
Então para sacrificar os
doentes terminais, a Neusa Rangel do Nascimento, havia conseguido
junto à Liquid Carbonic um gás que sacrificava os animais de um
jeito mais humano, morriam dormindo. Cosntruíram uma caixa, pequena,
onde cabia no máximo um cão de grande porte, e lá, quando não
havia mais salvação para o animal, eles eram colocados para dormi,
sem sofrimento. Eutanásia, morte feliz!
Havia muitas divergências
entre minha mãe e a tal da Cezira. Minha mãe achava que os animais
precisavam de água. Cezira, que possuía um espaço cedido pela
minha mãe, mas cuidava dos próprios animais, deixava seus cães sem
água. Sem ração. Sim, em 1992 já havia ração... Minha mãe,
entrava no local escondida e alimentava, e dava água para aqueles
cães. Cezira chegava e ficava puta da vida.
Juntando a Cezira que
tinha raiva da minha mãe, com a Neusa que não gostava de cachorros,
só de gatos, e os vereadores, o cenário para dona Jane não era
nada favorável.
Cezira, criminosa de
verdade, que apenas hoje começa a pagar por seus crimes, sempre teve
uma tática – a difamação. Personificação do mal, a criatura
entrou durante à noite na Praça dos Gatos, matou dezenas deles e os
deixou espalhados por todo o local. Entupiu a tal caixa onde eram
eutanasiados os animais, sempre um de cada vez e a cada morte de
Papa, fez aquilo parecer um campo de extermínio. Logo cedo, chamou a
reportagem do Aqui Agora, programa sensacionalista da época.
E ali, em frente às
câmeras, chegou a Dona Jane , já avisada, mas descrente, e foi ali
execrada publicamente, tendo até apanhado de uma das amigas da
Cezira.
Apelidada de nazista, a
judia cuja família havia fugido da Europa durante aa segunda guerra,
precisou de guarda- costas para se proteger de um povo maluco, que
não sabia porquê, queria matá-la!
Rapidamente, aproveitando
o gancho, o então Prefeito Paulo Maluf, aquele, que hoje é deputado
federal procurado pela Interpol, mandou demolir o local, que era
lindo, repleto de canis, num terreno plano, enorme, onde os animais
todos eram felizes!
Já tínhamos um Roberto
Tripoli na Câmara dos Vereadores. Eu, com toda sinceridade, não sei
onde ele esteve durante este episódio. Apenas constato sua presença
através de sua biografia. Ele era o defensor dos animais na Câmara.
Essa confusão toda levou
anos para acabar, pois lembro que os animais saíram da Praça dos
Gatos e foram direto para o terreno na Chácara Santo Amaro, e lá,
chegram em 1996.
Um amigo de minha mãe,
Angelo (não sei o sobrenome), comprou o primeiro terreno em um local
completamente distante da civilização.
Lá nesceu a Chácara dos
meus Amores. Daí pra frente há muitas versões para a mesma
história. Há quem diga que tentou ajudar, mas minha mãe negou. Há
quem diga que era impossível ficar perto, pois ela queria tudo
absolutamente do seu jeito.
A verdade é que minha mãe
sempre foi uma pessoa difícil, voluntariosa, controladora. A típica
mãe judia. E provavelmente, escaldada pelos acontecimentos, não
deve ter deixado muita gente dar palpite mesmo.
Já sem muito dinheiro,
construiu canis e abrigou bem seus animais. Doava muitos animais,
recolhia outros tantos e os anos foram se passando.
Eu, pasma com o que haviam
feito com ela, queria entender muito a questão do direito dos homens
e aos 29 anos, entrei na faculdade de direito. Fiz lá, os 5 anos e
passei no tal exame da OAB. Durante a faculdade fundei uma Ong com
mais dois amigos de faculdade, Dr. Adriano Mendes, que se tornou um
advogado de sucesso, e José Rubens Domingues Filho, que nunca foi
advogado, e se tornou um político de sucesso. Demos à entidade o
nome dela e a ajudamos a captar recursos. Em 2002, uma equivocada
política pública quis desalojar os já quase 700 cães e enviá-los
para a morte no CCZ. Com uma liminar conquistada pelo inexperiente,
mas impecável recém formado Adriano Mendes, impedimos a matança e
nos tranquilizamos.
Já com mais de 70 anos,
minha mãe sempre me assombrou com a idéia de herdar aquela
cachorrada toda que ela ajudava. O que fazer? Como mantê-los? Por
que?
Fui me embrenhando cada
vez mais na causa, acreditando que políticas públicas eram a
salvação. Sem nenhum ego inflamado, crescida com a filosofia
transmitida pela minha mãe, que acreditava que toda caridade é
anônima, e que o resto é vaidade, eu jamis poderia ser candidata a
algum cargo público. Mas, como advogada, fui lá tentar mudar o
mundo da minha maneira. Apareceu uma oportunidade de trabalhar ao
lado do inexperiente Aurélio Miguel, judoca que sempre admirei, e
que por um acaso do destino, foi levado a carregar a bandeira de
“protetor de animais.”.
Em um ano trabalhando como
assessora parlamentar, presenciei todo o tipo de podridão, daquelas
que lemos todos os dias nos jornais, sabemos que existe, mas viramos
a cara impotentes, conformados. Funcionários, fantasmas em
absolutamente todos os gabinetes, propinas, acordos, votações em
que os assuntos discutidos são o que menos importa. Egos inflamados,
poder, traição, cara de pau. Ah, quanta cara de pau! O que vou
dizer não é novidade alguma, todos sabemos, apenas nos conformamos
com isso. Não há saída para nossa política, a menos que
desmantelássemos a quadrilha, o que significa em tese, não reeleger
NENHUM político, colocar no poder técnicos nas diversas áreas
necessárias, dispostos a ganhar salário mínimo, que tivessem
emprego no setor privado e concordassem em doar dois dias por semana
de seu tempo em prol da comunidade.Utópico? Pode ser, mas seria uma
saída. Porque vamos combinar, nenhum político trabalha mais do que
16 horas semanais.
Mas voltando à “proteção
animal”, o ano era 2007, e enquanto estava eu exercendo minha
função de assessora parlamentar especializada em animais, (kkkkkk,
isso existe?), recebi no gabinete a visita do Dr. Saulo e um
sobrenome imenso do qual com sinceridade não me lembro. E lá estava
na minha frente, um advogado apaixonado por animais, ex colaborador
de um abrigo chamado Paraiso dos Animais de São Francisco de Assis,
denunciando atrocidades e sua dirigente. Cezira Rodrigues. Sim!
Aquela que havia armado a “presepada” contra minha mãe nos idos
de 1993. Eu hein??? Um dossiê de centenas de páginas, que provava
sem sombra de dúvidas, que a tal mulher, torturava e assassinava
cães por anos a fio.
Para o grande público
entender, foi como ser o atacante no jogo de futebol, e ver que a
bola está lá, aos seus pés, na cara do gol e você só tem que
chutar! E foi o que eu fiz. Escrevi uma petição de cinco páginas,
juntei tudo aquilo e consegui uma ordem liminar que interditou o
local. O chefe de gabinete do Aurélio Miguel, José Jantália,
vibrou, deitou, rolou, chamou a Rede Record, filmou a interdição,
faturou horrores junto ao “movimento de proteção animal”,
conseguiu uns 10 mil eleitores a mais para o vereador e , de certa
forma, assumiu os cães lhes prestando socorro e a ajuda necessária
com alimentação e atendimento veterinário. No local, um estupefato
Aurélio Miguel, viu com seus próprios olhos, centenas de carcaças
de cachorros, acondicionadas em gigantescas caixas d´agua.
Depois disso, a vida de
minha mãe, que nada tinha a ver com isso, se transformou em um
inferno. A tal Cezira, acreditando se tratar de uma vingança por
conta de 1993, decidiu acabar com a Dona Jane da única maneira que
conhecia, difamando-a. E assim foi. Por anos esta criatura
“denunciou” A Chácara dos Amores da minha mãe, forjando fotos,
plantando animais mortos na porta do local, passando dias, semanas,
meses em delegacias e órgãos públicos. Contou coma ajuda valiosa
de algumas pessoas com as quais bati de frente em meu único , porém
animadíssimo ano como Assessora Parlamentar de Vereador.
Para se ter uma idéia,
até em uma CPI que investigada grandes geradores de poluição,
tipo, a Coca-Cola, lá estávamos eu e minha mãe. A Chácara dos
meus Amores se transformou na Chácara dos Horrores, as contribuições
que complementavam a renda dos animais deixaram de existir, e o local
foi ficando cada vez mais precário, onde não se conseguia dinheiro
suficiente para a manutenção do espaço, e se conseguiu, graças a
amigos fiéis e os poucos colaboradores que conheciam o nosso
trabalho, alimentar e prestar socorro veterinário aos cães. Graças
a isso, nenhum animal ali jamais padeceu de fome ou doença.
Em 2009, Cezira, e sua
fiel escudeira, Denise Telles, conseguiram através dos tão
conhecidos erros do judiciário, apreender 32 animais da chácara e
encaminhá-los ao CCZ. Crueldade jamais vista feita a esses animais,
conseguimos, com a ajuda da Lilian Rockenbach, do Feliciano Filho,
Aurélio Miguel, Luiz Scalea e o definitivo ponto final dado pelo meu
marido, companheiro de luta e guerrilheiro Stefano Colaiori, libertar
os animais 45 dias depois. Milhares saíram às ruas com a bandeira
CCZ ou muda ou fecha, e o débil mental-diretor do local, foi
deposto.
Dona Jane, que se
imporatva tanto com a sua imagem quanto nossos cães entendem de
política, se sentia feliz de ter ajudado a tirar o nefasto do posto
e sempre dizia que “essas coisas sempre acontecem com a gente
mesmo”. Fazendo menção a todas as mudanças que ela havia
iniciado, desde o cabelo cor de rosa dela e da Dercy Gonçalves nos
anos 60, até enfim, a mudança do tal diretor. No meio disso, 50
anos de histórias, que dariam e darão um livro, mas que neste
momento não cabem nas poucas linhas que pretendia escrever, e que já
somam 4 páginas que provavelmente quase ninguém conseguirá ler.
Não foi nada disso que
matou a Dona Jane. Ela odiava velhos e eu dizia, mas vc é velha! E
ela respondia, - Por isso, me odeio!
Altiva e independente,
Eugenia Schaffman, a Dona Jane, jamais se conformou com limites. As
limitações da idade começaram a incomodá-la e nos últimos meses
ela não podia mais dirigir, nem carregar peso, cuidava dos animais
com dificuldades e resistia bravamente a uma campanha minha para que
viesse morar comigo e largasse os cães que tanto amava. Ninguém mais tinha qualidade de vida, nem eles, nem ela, porém, seu desejo
era ficar com eles até a morte, morrer no meio deles. E assim foi.
Em 8 de maio, em pleno dia das mães, minha mãe conversou com os
três filhos durante o dia, e provavelmente por volta das 18:00hs,
sofreu um AVC no jardim, no meio dos cães, e lá ficou caída,
protegida por eles, que se deitaram em volta dela e a aqueceram até
que o socorro chegasse, quase 6 horas depois. Na UTI, passou 11 dias,
vindo a falecer em 19 de maio de 2011.