quinta-feira, 7 de junho de 2012

Delapidação de patrimônio.

É público o fato de que minha mãe gastou todo seu dinheiro com os animais. E me criou desprendida das coisas materiais como ela. O mesmo não acontece com meus dois irmãos. Provavelmente porque nasci com uma diferença de dezesseis anos do mais velho. Ela se aperfeiçoou na criação.
Como é evidente que a melhor defesa é o ataque,  em algum momento a diretoria do Cão sem Dono sugeriu que eu pudesse estar pretendendo obter vantagens financeiras com esta situação.
Vamos então recorrer à matemática para esclarecer alguns fatos. 
Desde 1982, Eugenia Schaffman, a Dona Jane aplicou a maior parte de seu dinheiro em animais abandonados. Grandes prejuízos financeiros podem ser apontados nesta saga de Dona Jane e a proteção animal.
Vendeu um apartamento nos jardins, uma casa em Perdizes, exatamente em frente à PUC, para manter os animais.
Comprou uma chácara em Parelheiros, mais dois terrenos. Preencheu todos os espaços possíveis de cachorros e se entrincheirou no meio deles. 
Neste meio tempo, por conta de abrigar cães, ela vendeu as jóias da família judia da qual descendemos, destruiu uma casa de minha propriedade avaliada em hum milhão de reais, que custou ao meu irmão mais velho, duzentos mil para consertar. A casa da Capitão Macedo também foi consumida por cachorros, este é prejuízo do meu primo e ainda não foi avaliado.
Quando digo destruir, quero dizer o que todos sabem. Cachorros roem batentes de portas, cavam buracos nas paredes, destroem tudo.
Dona Jane não era uma colecionadora, pois queria doar todos os animais que tinha sob sua guarda, só não conseguia fazê-lo na mesma velocidade que os acolhia, e não acolhê-los não passava pela sua cabeça. Ela não conhecia limites!
Foi dona de uma escola de idiomas até o plano Collor, cujo lucro sustentou mil gatos e quinhentos cachorros por 10 anos.
Quando morreu, minha mãe ainda gastava todo o dinheiro que ganhava dos filhos para cuidar de cachorros. 
Patrimônio não brota, tem procedência, como pessoas. Espero que os diretores do Cão sem Dono também tenham procedência.
Assisti minha mãe delapidar seu patrimônio durante 30 anos.
Os terrenos onde estão os cães e a chácara onde minha mãe morava somam uns R$ 250.000,00. Eu pago aluguel, de onde moro, do carro que dirijo.
Se eu não me preocupasse  com os cachorros, não precisaria dar golpes para ganhar proveito financeiro. Eu entregaria os cães para o CCZ, que possui o dever legal de cuidar destes animais, mas não o exerce, e venderia as propriedades, compraria uma casa e um carro e pararia de gastar dinheiro com aluguel.
Meu marido é designer gráfico e eu sou advogada, é disso que vivemos.
Ah, em 2010 vendi meu sandero 2009 quitado para pagar dívidas de minha mãe relacionadas aos cães.
Enfim, este é o  panorama patrimonial da Associação Eugenia Schaffman, a Dona Jane, que faleceu deixando exatos 369 cães. 
Um mês após a sua morte o Cão sem Dono assumiu o local, não porque estivesse abandonado, mas porque, eu sempre busquei duas coisas, uma condição melhor para os animais da minha mãe, e distanciamento deles. Eu não quero me promover às custas dos cachorros, não quero viver às custas dos cachorros, não quero ser protetora de animais, não quero nada disso! Eu vivi 42 anos da minha vida só pensando e me preocupando com cachorros e após a morte da minha mãe quero e tenho direito de sair disso. Foi o que fiz ao confiar estes cães ao Cão sem Dono, foi o que fiz ao não contestar a Ação da prefeitura que pretendia "tutelar" estes animais e é o que estou fazendo mais uma vez ao transferir a tutela desses animais temporariamente à ABEAC e posteriormente à Diana Bueno, colaboradora do Cão sem Dono que esteve por perto e começou a perceber o desaparecimento dos cães.
Mas tem uma coisa que preciso saber antes, para poder ficar em paz com a minha decisão.
A ABEAC contou 162 cães no canil e 35 na chácara da minha mãe. Então, pergunto - ONDE ESTÃO OS OUTROS CÃES????















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